Até quando você vai pagar pela TV a cabo? 1.2

Netflix versus a Turma do Atraso – como as empresas de TV por assinatura querem ganhar no tapetão. Paulo Silvestre

Houve um tempo em que se assinava a TV a cabo para se ter uma programação de qualidade. Canais como Discovery Channel e a HBO eram a garantia de fugir do conteúdo rasteiro da TV aberta. Mas essa premissa não é mais válida, seja pela piora na qualidade de suas programações, seja pela enxurrada de canais irrelevantes que as operadoras nos empurram goela abaixo. Tudo isso oferecido a preços exorbitantes! Para piorar, as empresas de TV por assinatura vêm realizando práticas contrárias aos interesses de seus clientes. Então fica a pergunta: até quando você vai pagar pela sua TV a cabo? Paulo Fernando Silvestre Jr.31 de março de 2017

último levantamento feito pela Anatel, divulgado em junho último, mostra que as operadoras de TV a cabo perderam 170 mil clientes por mês, de acordo com dados compilados pela agência até abril de 2021. É mais que o dobro do ritmo de perda média registrada no ano passado – quando o índice de desistência era de 77 mil assinantes mensais, apenas entre janeiro e maio de 2021, o Brasil já perdeu 800 mil assinantes de TV por assinatura. Rui Maciel – canaltech. 06 de Julho de 2021

O Brasil de 2021 tinha 14,1 milhões de usuários desse serviço, em 2020 eram 15,6 milhões de adeptos, base mais baixa desde agosto de 2012, quando havia 14,8 milhões de usuários. Isso equivale a apenas 6,6% do total da população do país, que tem 212 milhões de habitantes (21,1% da população dos EUA tem TV a cabo – 70 milhões de clientes/329 milhões de habitantes). A Netflix conta com mais assinantes que todo o mercado de TV por assinatura do país, esse movimento é global.

De acordo com um estudo realizado pela Bare International, 47,7% das pessoas mundo afora assumiram ter aumentado seus gastos com entretenimento e serviços baseados nesta tecnologia em 2021. Já no Brasil o fenômeno foi ainda mais forte: 61,6% dos entrevistados afirmaram ter investido mais em serviços de streaming.

Em 2016, foram canceladas 364 mil linhas de TV por assinatura em todo o país, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). No ano anterior, já haviam deixado o sistema outras 550 mil residências. E, ainda segundo a agência, só em janeiro desse ano, a evasão foi de outros 105 mil lares. Algo que, se não coloca o negócio de TV por assinatura na UTI, certamente indica uma grave doença que o corrói por dentro. EDSON JESUS

Outra pedra no sapato das operadoras de TV por assinatura são os serviços de vídeo sob demanda, especialmente a Netflix, um dos principais motivos dos já citados cancelamentos, nos últimos 25 meses, a TV fechada perdeu mais de 1 milhão de domicílios, e a Netflix continua crescendo a passos largos. Estimava-se que tinha 4 milhões de assinantes no Brasil, e seu faturamento teria sido de R$ 1,1 bilhão no país em 2016, em comparação, o SBT teria faturado R$ 850 milhões no mesmo período.

As operadoras de TV por assinatura criam mecanismos e fazem lobby para tirar concorrentes do mercado e estrangular clientes e fornecedores, na expectativa de tornar a vida de seus concorrentes modernos mais difícil ao forçar que o governo cobre o Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional), um imposto que poderia morder R$ 300 milhões da Netflix até 2022. A medida também impactaria outros serviços, como o YouTube e o Spotify.

O governo tentaria ainda criar um novo imposto que morderia até 8% do faturamento desses serviços, a título de cobrança por remessa de lucros às suas matrizes internacionais, e no final do ano passado, o governo já começou a cobrar ISS sobre o serviço de streaming.

O movimento mais recente aconteceu no dia 29 de março, quando o sinal de TV analógico foi desligado na cidade de São Paulo. No momento em que isso aconteceu, assinantes da Net, da ClaroTV, da Oi TV e da Sky perderam o sinal do SBT, da Record e da Rede TV, pois as emissoras querem ser pagas pelas operadoras pelo seu conteúdo (Globo, Band e canais estrangeiros). A única que continuou transmitindo foi a Vivo TV, que negociou um pagamento aos canais. SBT, Record e Rede TV juntos estariam querendo R$ 10 por mês de cada assinante para que continuassem entregando seu sinal.

As operadoras de TV por assinatura, que também são as “donas” do acesso à Internet no país, tentaram aplicar um duríssimo golpe em seus assinantes limitando o acesso à rede, exatamente há um ano. Novamente o alvo era a Netflix, pois, como qualquer serviço de streaming, necessita de boas conexões para funcionar, ao piorar o serviço de Internet, as operadoras inviabilizariam os serviços de vídeo sob demanda, privilegiando suas TVs por assinaturas, que já tinha recebido o aval da Anatel, só não foi para a frente porque a sociedade se mobilizou pesadamente contra esse golpe.

Os serviços básicos das TVs por assinatura (conteúdos gratuitos de TV aberta e alguns canais fechados) custam a partir de R$ 70 por mês (veja exemplo da Net). Enquanto isso, a Netflix cobra apenas R$ 19,90 em seu serviço básico, no serviço Premium (R$ 29,90), programação em Ultra HD e a mesma assinatura pode ser compartilhada com outras três pessoas quaisquer, não há comerciais (três minutos de comercial a cada sete minutos de programação), o usuário assiste o que ele quiser, na hora que ele quiser, e no caso de séries, todos os episódios ficam disponíveis de uma vez.

Como se não bastasse a diferença brutal do modelo de negócios entre ambos os formatos, há outro fator fundamental: assinar diversos serviços de streaming sai muito mais barato do que um pacote razoável de TV.

A melhor coisa que pode acontecer a qualquer consumidor é ter escolha com qualidade cada vez mais alta, a preços cada vez mais baixos. Os consumidores não são trouxas, apesar de as operadoras insistirem em tratá-los dessa forma. As operadoras já perceberam e algumas já oferecem seus próprios serviços de vídeo sob demanda, mas seria necessário alterar a sua política de preços, dar ao consumidor a possibilidade de pagar apenas pelo que ele está interessado. E permitir que o seu cliente também cancele facilmente os serviços que ele não deseja mais, sem ter de ficar xingando a pobre da Judite (entendedores entenderão).

Others nets: James Cameron afirma que a Skynet destruiria a humanidade apenas com deepfakes, O Exterminador do Futuro: Gênesis 1.2, Vagas no ensino profissional gratuito em 2023, Tecnologia em Sistemas de Computação 1.2

1 Comentário

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s