OZ GUARANI, O PRIMEIRO GRUPO INDÍGENA DE RAP DE SÃO PAULO, FOI DESTAQUE EM FESTIVAL MUSICAL ON-LINE

Com povos oriundos de Norte a Sul do Brasil, a pluralidade indígena será evidenciada durante a terceira edição do programa Indígenas.BR, evento online realizado pelo Centro Cultural Vale Maranhão, de 04 a 12 de setembro. As músicas indígenas foram o destaque, com a exibição de videoclipes, documentários, rodas de conversa e materiais inéditos de artistas de todo o Brasil. RAPLongaVida – Zona Suburbana

Em destaque, teremos o grupo de rap indígena Oz Guarani, formado por jovens guerreiros Guarani M’byá residentes da terra indígena Jaraguá em São Paulo, que  interpretam canções de resistência e de fortalecimento da luta indígena por seus direitos. Os xondaro kuery – palavra que significa guerreiros na língua Guarani – que formam o grupo trazem nas rimas a representação da luta em ritmo e poesia, tomam para si a missão de divulgar as necessidades do seu povo, relatam os problemas diários sofridos na comunidade, além de narrar o histórico conflito pela demarcação das terras e a resistência indígena.

WERA MC & OZ GUARANI – PEMOMBA EME ***(SUB ESP/PT/ING)***

Tenonderã Ayvu

O festival contará, ao todo, com atrações de 16 povos diferentes, vindos das cinco regiões do Brasil: os Guarani (SP); os Tikuna (AM), os Kanela Ramkokamekrá e os Guajajara Tentehar (MA), os Wapichana (RR), os Huni Kuin (AC) os Kambeba e os Tupinambá (PA);  os Kaingang (PR); os Guarani Kaiowa (MS) e os Wauja e os Yawalapiti (MT); os Kariri Xico, os Pankararu e os Fulni-ô (PE);  e o povo Mapuche da Bolívia.

Entrevista Renata Machado TupinambáEscola de Cinema Darcy Ribeiro

Com curadoria da musicista e pesquisadora Magda Pucci e da jornalista e poeta Renata Tupinambá, o festival tem como objetivo difundir a pluralidade das produções musicais realizadas por artistas indígenas de diferentes partes do país. “São estéticas que escapam da nossa percepção rápida e fragmentada de mundo. São matrizes ancestrais de centenas de povos que aqui viviam, muito antes da chegada dos europeus. Elas vêm do Xingu, do Rio Solimões, das florestas do Acre, do sertão de Alagoas, dos planaltos do Mato Grosso do Sul e de muitos outros cantos. Mas há, também, músicas de hoje, criadas por jovens atentos às realidades atuais em movimentos de luta por territórios, em conexão com linguagens contemporâneas como o rap, hip hop e a música eletrônica. Tudo isso configura o cenário multifacetado da música indígena no Brasil”, explica Magda.

O programa Indígenas.BR foi criado no ano de 2019 e levou ao CCVM um mês de programação dedicada à cultura indígena, com debates e exibição de filmes. No ano passado, por conta da pandemia, o programa se adequou ao mundo virtual, com o lançamento do Prêmio de Fotografia Indígenas.BR, recebendo mais de 100 inscrições de fotógrafos indígenas de todo o Brasil. “O programa de arte, educação e cultura indígenas é um marco da programação do CCVM. Todos os anos miramos um aspecto das culturas indígenas para ser abordado, apresentando toda a diversidade de expressões dos povos originários. Enaltecer esses saberes tão complexos e pouco conhecidos é de extrema importância para repensar o mundo”, conta Gabriel Gutierrez, diretor do Centro Cultural Vale Maranhão.

A artista e jornalista indígena Djuena Tikuna apresentará o show Os Cantos que acalentam os Encantados, à capella. Além dela, o cantautor Gean Pankararu com sua música autoral, a performer de origem Mapuche Brisa Flow e Edvan Fulni-ô junto com Oz Guarani completam a lista de atrações musicais.

Somam-se às apresentações musicais mostras de documentários e videoclipes que reúnem filmes em destaque entre produções indígenas no Brasil. Uma das atrações é o curta-metragem Nẽn Ga vi, de Paola Gibram e Nyg Kaingang, que mostra as formas pelas quais os kaingang (PR) contemporâneos refletem sobre as usurpações culturais e existenciais decorrentes dos anos de contato com não-indígenas e a necessidade de se retomar as práticas e conhecimentos que lhes foram proibidos ou violados.

Outro filme que será exibido na mostra é Espírito da FlorestaLABI florestafeito a partir de uma pesquisa de Ibã Sales, txana do povo Huni Kuin. Na produção, os comentários aos cantos feitos por Ibã criam uma narrativa que conecta imagem e música, além de retratar o surgimento do coletivo MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin, grupo que ganhou os museus do mundo e do Brasil.

Bane Huni Kuin e a obra do MAHKU na exposição Nixi paewen namate em Rio Branco, 2014. Povos Indígenas no Brasil – https://pib.socioambiental.org/

Além das duas exibições, o festival contará com a apresentação do trailer inédito da série de TV Sou moderno, sou índio, com o episódio Sou moderno, sou músico, de Carlos Magalhães, que mostra o rap como uma das formas mais usadas de comunicação indígena na atualidade. Completam a programação os filmes Iburi – trompete Ticuna de Edson Matarezio e Nhandesy de Graciela Guarani.

Na mostra de videoclipes, será exibido ORE MBORAI – Orquestra Multiétnica, o encontro inédito de mais de 100 indígenas de nove povos distintos, que produziu um diálogo artístico potente e transformador no Encontro de Culturas da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Também se destacam a poetisa e compositora Marcia Kambeba; o vídeo Resistência Nativa, que reúne os rappers Brô MCs, Oz Guaranie Kunumi MC com participação do escritor Olívio Jekupé; oregistro de uma apresentação dos Kariri Xocó, em parceria com a cantora e rabequeira Renata Rosa; dois vídeos feitos por Alfredo Bello (DJ Tudo) de trechos da Corrida do Umbu dos Pankararu, em Brejo dos Padres; e o videoclipe Rapé de DJ Nelson D, em parceria com o VJ Soave.

Durante todos os dias, após as exibições audiovisuais, serão realizados bate-papos  com os artistas participantes do festival, sobre diversos temas da atualidade. Toda a programação poderá ser assistida pelo canal do Youtube do Centro Cultural Vale Maranhão.

Centro Cultural Vale Maranhão

Como foi a programação completa:

Dia 04/09 – sábado – 19h
Lançamento do teaser do Festival seguido de bate-papo com as curadoras Magda Pucci e Renata Tupinambá sobre a programação
Dia 05/09 – domingo – 19h
Mostra de videoclipes
– Cuara çu – Marcia Kambeba
– Tetchi’arü’ngu – Djuena Tikuna e DJ Eric Marky
– O grito ancestral dos Tapajós – Vídeoclipe Tupinambá
Show
– Os Cantos que acalentam os Encantados* – Djuena Tikuna

Indígenas.BR- Grito ancestral no Tapajós, Cantos que acalentam Encantados, Cuara çu e Tetchi’arü’ngu

Bate-papo
– Trânsitos entre a tradição e a contemporaneidade – Djuena Tikuna,  Gean Pankararu e Marcia Kambeba. Mediação: Brisa Flow
Dia 06/09 – segunda-feira – 19h
Mostra de documentários
– Entrevista com Anuiá Amarü – Direção: Charlie Crooijmans – BA – 2017
 Cultura Viva do povo Waujá* – Direção: Takumã Kuikuro – MT – 2021
Mostra de videoclipes
ORE MBORAI – Orquestra Multiétnica

Bate-papo
– Intercâmbios musicais entre indígenas – Renata Amaral, Anuiá Amarü (Orquestra Multiétnica) e Juliano Basso. Mediação: Magda Pucci.
Dia 07/09 – terça-feira – 19h
Mostra de documentários
– Histórias e Cantos Indígenas Guajajara & Kanela* – Povo Kanela Ramkokamekrá – Aldeia Escalvado – Terra Indígena Kanela – Fernando Falcão (MA) – Direção: Diego Janatã e  Djuena Tikuna – 2021
– Iburi – Trompete dos Tikunas – Direção: Edson Matarezio – 2014; LISA – Antropologia

Bate-papo
– Ritual e música – A festa da moça nova Tikuna – Edson Matarezio e Djuena Tikuna. Mediação: Magda Pucci
Dia 08/09 – quarta-feira – 19h
Mostra de documentários
– NIXI PAE – O Espírito da Floresta – Direção: Amilton Pelegrino de Mattos – Pesquisa e execução dos cantos: Ibã Sales Huni Kuin
Apresentação Wakay – Ao vivo

Bate-papo
– Música e espiritualidade – Rita Sales (Huni-Kuin), Wakay (Fulkaxó) e  Anna Dantes. Mediação: Magda Pucci.
Dia 09/09 – quinta-feira – 19h
Mostra de documentários
– Histórias e Cantos Indígenas Guajajara & Kanela* – Povo Guajajara Tentehar –  Aldeia Lagoa Quieta – Terra Indígena Arariboia – Amarante (MA) – Direção: Diego Janatã e  Djuena Tikuna – 2021
– Histórias e Cantos Indígenas Guajajara & Kanela* – Povo Guajajara Tentehar – Aldeia Maçaranduba – Terra Indígena Caru – Alto Alegre do Pindaré (MA) – Direção: Diego Janatã e  Djuena Tikuna – 2021
Bate-papo
– Presença indígena no Maranhão – Diego Janatã e Djuena Tikuna. Mediação: Magda Pucci
Dia 10/09 – sexta-feira – 19h
Mostra de videoclipes
– Renata Rosa e Kariri Xocó
– Saída da corrida do Umbu – Pankararu em São Paulo – Pankararu, de Alfredo Bello
– Yasewaxtho yaadedõokya – Fulni-ô
Show
– Gean Ramos Pankararu* (PE)
Bate-papo
– Musicalidades indígenas no Nordeste – Renata Rosa, Iberu e Cema Kariri Xocó, Alfredo Bello e Lidia Pankararu. Mediação: Alexandre Herbetta.
Dia 11/09 – sábado – 19h
Mostra de documentários
– Resistência Nativa: Ayvú Anhenteguá – 4 Ventos Produções – Direção: Leonardo Solda
– Nhandesy – Direção: Graciela Guarani
Mostra de videoclipes
– Feminicídio – Anaranda MC
– Rapé – Nelson D feat VJ Soave
– Resistência Nativa – Kunumi Mc, Brô Mc’s, OZ Guarani
Show
– Demarcação dos palcos e das terras indígenas* – Edivan Fulni-ô, Oz Guarani (SP)
Bate-papo
– Rap nativo – MCs na roda – Brô MCs, Kunumi MC, Oz Guarani e Anaranda MC. Mediação: Renata Tupinambá.
Dia 12/09 – domingo – 19h
Mostra de documentários
– Nẽn Ga vī: uma retomada kanhgág em movimento – Direção: Nyg Kuitá Kaingang e Paola Gibram

– Exibição do episódio Sou moderno, sou músico, da série inédita Sou moderno, sou índio,  em exibição única. Direção: Carlos Magalhães

Show
– Brisa Flow –  Canto pra tecer memórias*
Bate-papo
– O audiovisual em diálogo com os mundos indígenas contemporâneos – Carlos Magalhães, Renata Tupinambá e Dedé Maia (roteiristas). Mediação: Idjahure Kadiwel.

*Vídeos produzidos especialmente para o Indígenas.BR – Festival de Músicas Indígenas

Onde: Pelo Youtube do Centro Cultural Vale Maranhão – www.youtube.com/centroculturalvalemaranhao

Aproveite para contribuir. Fortaleça a arte e cultura dos Guarani e dos povos originários do nosso planeta.

Others beats: OWERÁ & Lozk – Força de Tupã (Official Video), CANTO SAGRADO DA MÃE TERRA – TRIBO FULNI-Ô, edição de imagens MOACIR SILVEIRA