Profissão Memes

Bstante comuns nas redes sociais, muitos deles se destacam rapidamente. Agora, a ideia da vez é ganhar dinheiro através deles, e assim, transformar o hobby em profissão. RAFAELA POZZEBOM

Os memes, que aparecem em forma de fotos, vídeos e montagens, já fazem parte da história da internet. A principal característica desse gênero, além do humor, é que se espalham de forma rápida. No país, grupos de criadores de memes se organizam para poder profissionalizar a profissão.

Criação de memes poderá render salário no futuro; empresas já sondam tais profissionais.

Na internet, algumas páginas de memes já chegam a contar com mais de um milhão de integrantes. A filtragem é necessária para que somente os melhores cheguem para os internautas. Sendo que, apenas 10% deles acabam sendo aprovados, baseados em um código de ética desenvolvido pelos próprios criadores de memes.

Por enquanto, nenhum dos criadores ou moderadores de memes recebe salário, porém, todos acreditam que é apenas uma questão de tempo. Empresas de publicidade já estão em busca desses grupos, principalmente para que os memes sejam usados de forma de marketing viral para os seus produtos ou marcas.

No entanto, a palavra meme não foi usada pela primeira vez neste sentido. Em 1976, o geneticista Richard Dawkings cunhou o termo como uma informação cultural, assim como um gene é uma informação genética. “Os memes trazem consigo uma história de relação das pessoas com os meios de comunicação, mesmo antes da internet, que também é de circulação memética, como por exemplo bordões de novelas ou de programas humorísticos”, explica Rafael Grohmann, professor de comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e coordenador do laboratório de pesquisa DigiLabour. “Acoorda, menina”, “Haja coração!” e “Quem sabe faz ao vivo”. Não precisamos nem dar créditos para as três frases, que são bordões usados há anos no vocabulário brasileiro, nas mais diversas situações.  Ana Maria Braga, Galvão Bueno e Faustão criaram conteúdos meméticos antes mesmo da internet popularizar esse tipo de conteúdo. 

Em 1998, o site Memepool resgatou esse termo para usá-lo online, da forma que conhecemos hoje. Aqui no Brasil, em 2009 o YOUPix criou a “Memepédia”, uma enciclopédia de memes que mapeava tudo o que viralizava no país.

Na pesquisa “In meme we trust”, criada pela Globosat, foi confirmado que 85% dos brasileiros costumam consumir memes na internet. Com uma base de 1.000 entrevistados em todo o Brasil, das classes A, B e C, a pesquisa descobriu que esta forma rápida e divertida de trazer informação serve também como fonte de notícias: 73% das pessoas responderam que já se informaram de uma novidade na política por conta de um meme.

Mas, vale lembrar que, no final das contas, esse tipo de conteúdo é baseado no humor e descontração – 63% daqueles que fizeram parte da pesquisa procuram memes para se distrair e 75% acreditam que eles ajudam a reduzir o estresse diário. Por isso, o professor reforça: “Não podemos supervalorizá-los ou acreditar que os memes são protagonistas em discussões sociais”.

Não é só com contratos publicitários ou propostas de emprego que um meme pode gerar dinheiro ao seu criador. Recentemente, memes clássicos da internet foram vendidos em forma de NFT, a tecnologia do momento no meio da arte e internet.

“Pense num NFT como análogo a um certificado único de autenticidade semelhante ao que você receberia ao comprar um produto muito exclusivo ou único, por exemplo um quadro ou uma obra de arte”, explica Ricardo Correia, co-fundador e COO da genesis.studio, uma empresa portuguesa especializada em tecnologia blockchain.

Em 2021, o termo se tornou popular porque colecionadores começaram a conseguir NFTs de imagens digitais de arte – e também de memes! O criador do Twitter, Jack Dorsey, vendeu em março deste ano o primeiro tweet da história por um valor exorbitante de 2,9 milhões de dólares. A compra foi feita pelo empresário Sina Estavi, na Malásia. “É importante distinguir que um NFT é um certificado digital único referente a um bem, mas não é o próprio bem. Ou seja, um NFT não será um quadro ou um tweet mas poderá ser o registo único digital desse quadro ou desse tweet”, sinaliza Correia.

“Personalidades” digitais mundiais, como criador do Nyan Cat (um gif em 8bit de um gato futurista) a humorista que criou a personagem da Namorada Ciumenta e até mesmo a menina que protagoniza a foto de uma criança com olhar sapeca para um incêndio também venderam os memes que os tornaram famosos com um NFT.

O que você acha, teriam vagas para esta profissão?