Como comprar e vender terrenos no metaverso

O metaverso tornou-se um dos assuntos mais comentados em 2022, de acordo com as pesquisas do Google. E muito além da euforia em relação ao conceito, de acordo com um novo estudo da Boston Consulting Group (BCG), atualmente, as indústrias relacionadas a experiências imersivas movimentam R$ 1,3 trilhão (o equivalente a US$ 250 bilhões) e devem gerar mais de R$ 2 trilhões (US$ 400 bilhões até 2025). Luiz Gustavo Pacete – Forbes Tech. 27 de agosto de 2022

Em janeiro deste ano, a startup de psicodélicos Ei.Ventures, com sede em Miami, anunciou a compra de um terreno virtual na plataforma The Sandbox, uma subsidiária da empresa de jogos em blockchain Animoca Brands, com sede em Hong Kong. O projeto consiste em um mundo virtual onde os jogadores podem criar, possuir e monetizar itens e experiências virtuais como tokens não fungíveis (NFTs) na blockchain Ethereum, por exemplo.

A Decentraland (MANA), em novembro do ano passado, protagonizou um negócio milionário. A imobiliária especializada em ativos virtuais Metaverse Group pagou o equivalente a R$ 13 milhões por um terreno. A criptomoeda utilizada na transação foi a Mana. Meses depois, em março, neste mesmo terreno foi realizado o Metavers Fashion Week, evento de moda e imersão dentro da plataforma.

“Em novembro de 2021, uma única transação de lotes no mundo online Decentraland aconteceu por um valor equivalente a US$ 2,4 milhões. Já no The Sandbox, em 2021, uma empresa chamada Neva York Republic Realm anunciou ter investido US$ 4,3 milhões para compra de terrenos. Além disso, é interessante destacar que, nos metaversos, é possível não apenas revender os imóveis mas também alugá-los e, assim como no mundo real, seu valor está atrelado a fatores como escassez e vizinhança. No The The Sandbox (SAND), por exemplo, já é possível identificar a valorização de áreas específicas, como no chamado Snoopverse, um espaço virtual em desenvolvimento pelo rapper Snoop Dogg, onde foi vendido terreno por US$ 450 mil.”

No dia 20 de dezembro, o terreno mais barato vendido no marketplace da Decentraland custava 4.200 MANA, o equivalente a US$ 13.524. No OpenSea, o pedaço de terra mais em conta desse metaverso era negociado a 3.4 Ether, o que dá cerca de US$ 13.402.

No marketplace do The Sandbox e na coleção da plataforma no OpenSea, os preços dos espaços virtuais começavam a partir de 3.01 ETH – algo em torno de US$ 12 mil. O dado também é de 20 de dezembro. 

Em resumo, o conceito se refere a um espaço coletivo que mescla o físico e o virtual. Para acessá-lo, seria preciso usar tecnologias como óculos de Realidade Aumentada e de Realidade Virtual. Para imaginar esse lugar, pense no OASIS, do filme Jogador Nº 1, dirigido por Steven Spielberg, ou na simulação construída pela inteligência artificial de Matrix, longa dirigido por Lilly e Lana Wachowski. InfoMoney

Vladmir Miranda Abreu, um dos autores do livro “Metaverso: Aspectos Jurídicos” e sócio na área de negócios imobiliários no TozziniFreire Advogados, traz algumas perspectivas básicas sobre os movimentos que já estão ocorrendo em plataformas virtuais e como funcionam as compras e vendas de terrenos.

“De acordo com a lei brasileira, os direitos sobre imóveis do mundo físico só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Tal registro, por sua vez, é realizado pelos Cartório de Registro de Imóveis do local do imóvel, através do sistema de registros públicos, regulamentados pelo estado brasileiro. Cada imóvel no Brasil deve ser objeto de uma matrícula, com número específico e com a indicação de suas características, tais como: localização, confrontantes, perímetro, área, registro anterior, ônus e gravames, titularidade e demais atos registrados”, conforme Miranda.

Ainda de acordo com o especialista, diferentemente dos imóveis do mundo físico, os imóveis dos metaversos se tratam de bens virtuais, incorpóreos, que podem ser criados por desenvolvedores de mundos virtuais, os chamados metaversos e que se tornaram populares graças à tecnologia dos Tokens Não Fungíveis (ou NFT, do inglês, non fungible tokens).

Um NFT é a representação de um item exclusivo, que pode ou não ser digital. Fazendo um paralelo com o segmento de imóveis, um token não fungível é como a escritura de um imóvel, mas com algumas diferenças:

A primeira é que ele é basicamente uma sequência de letras e números, e não um documento físico. A segunda é que não há necessidade de ir a um cartório para comprovar registrá-lo. Isso porque um NFT fica guardado em uma blockchain, grande banco de dados descentralizado e imutável que nasceu com o Bitcoin (BTC) no final de 2008.

“Em resumo, os NFT são tokens, ou códigos digitais, únicos (infungíveis), feitos em um blockchain, que servem para autenticar e rastrear a procedência de outra informação/mídia digital (imagem, áudio, vídeo, PDF). Deve-se destacar que o NFT não é a própria informação a ele atrelada, mas uma forma de certificação dessa mídia/informação inserida dentro de um sistema de blockchain, por isso, a mídia a ele vinculada pode ser reproduzida ou copiada infinitamente.”

“A não fungibilidade, ou seja, exclusividade, incapacidade de substituição por bens da mesma espécie, qualidade e quantidade, atribuída pelos NFT a arquivos digitais por ele certificados é o que está estimulando a economia no metaverso. Neste contexto, os bens digitais produzidos para essas realidades virtuais (como personagens, roupas para os personagens, ou qualquer outro bem imaginável) estão sendo vendidos acompanhados da certificação de sua exclusividade representada pelos NFT, o que tem gerado um senso de valor não apenas para usuários dos metaversos, como para investidores”, explica Miranda.

“A compra de terrenos nos metaversos vai variar de acordo com a tecnologia de cada plataforma. Por exemplo, o Decentraland já oferece em seu próprio site o portal para compra e venda dos terrenos no seu mundo virtual. Outros metaversos oferecem seus terrenos em portais de negociação de NFT, como o The Sandbox, cujos terrenos são negociados no OpenSea”, explica.

“O procedimento para compra de terrenos de metaversos é semelhante ao de aquisição de outros NFT. O interessado deverá possuir uma carteira virtual (algumas das opções são MetaMask, Coinbase Wallet e Bitski), e deverá converter seu dinheiro no dinheiro aceito no metaverso de sua escolha. Cada metaverso tem seu próprio dinheiro, cuja aquisição também vai variar de acordo com o sistema escolhido, porém sua negociação é semelhante à dos conhecidos criptoativos, através de dinheiro real ou de outros criptoativos (como Ethereum ou Bitcoin).”

Decentraland (MANA)

Criada em 2015, é um universo virtual 3D construído na blockchain do Ethereum (ETH). Nela, os usuários podem comprar terrenos e transformá-los em negócios digitais. Os desenvolvedores colocaram a venda 90 mil lotes, cada um com 16m x 16m, e todos já foram comprados. No entanto, ainda existe o comércio de terras no mercado secundário. Esses espaços virtuais podem ser adquiridos com MANA, o token nativo da plataforma, ou ETH.

Depois que o terreno do metaverso é comprado, ele é enviado para a sua carteira de criptomoedas. Na prática, você recebe uma sequência de números e letras, que todo mundo ver, mas ninguém pode alterar. É extremamente importante guardar a senha da sua wallet com cuidado e implantar medidas de segurança no PC ou celular para evitar ataques de hackers. Procure também não perder sua senha, caso contrário você não conseguirá mais acessar seu terreno virtual.

The Sandbox (SAND)

Semelhante ao Decentraland, o The Sandbox é um ambiente virtual que dá aos usuários a possibilidade criar projetos digitais, como empresas, casas e espaços para eventos. Foi lançado em 2012 como concorrente do Minecraft, mas passou por um reposicionamento em 2018 e entrou no mercado de blockchain e criptomoedas.

O SAND é o token usado para adquirir propriedades. Na plataforma, que também roda no Ethereum, há 166.464 terras disponíveis, cada uma com 96 metros quadrados. Ainda há terrenos, e a plataforma costuma ofertá-los em vendas públicas anunciadas no site.

Outros projetos, como Axie Infinity (AXS), Gala (GALA), MyNeighborAlice ([ativo=ALICE]) e Enjin Coin (ENJ) também surfam nessa onda do metaverso.

Em 2021, a Nvidia lançou o NVIDIA Omniverse, uma plataforma colaborativa de simulação. Já a Microsoft deu vida ao Mesh, uma plataforma que permite a realização de reuniões com hologramas. A criadora do Windows ainda desenvolveu avatares 3D para o Teams, sua ferramenta de comunicação.

Até o Banco do Brasil resolveu entrar na “brincadeira”, e criou uma experiência dentro do jogo GTA. No game, o jogador pode abrir na instituição bancária uma conta para seu personagem, e pode até trabalhar como abastecedor de caixa.

O OpenSea é um mercado P2P de tokens não fungíveis, itens digitais raros e colecionáveis. Para encontrar terras do metaverso por lá, basta ir na busca e digitar o nome da plataforma, como “Decentrand” ou “The Sandbox”. Antes de fazer qualquer compra, no entanto, é importante analisar se as páginas dos metaversos no marketplace são verdadeiras (há um “v” de verificado”, e não fakes. Além de terrenos, há uma série de outros objetos virtuais, como obras de arte, música e destaques do esporte.

Os preços dos terrenos do metaverso são influenciados pelos mesmos fatores que afetam o mercado imobiliário e o mercado de NFTs.

No The Sandbox, por exemplo, há alguns moradores famosos, como o rapper Snoop Dog, a Atari SA e a série “The Walking Dead”. Terrenos vizinhos dessas celebridades custam mais caro.

De acordo com a plataforma, isso ocorre porque esses moradores atraem maior tráfego. E com mais usuários passando perto da localidade, mais chances os proprietários têm de ganhar dinheiro. Algumas formas de monetização dos lotes são aluguel do espaço para desenvolvedores, criação de games e até mesmo anúncios.

Confira abaixo alguns dos terrenos mais caros vendidos em 2021 nas principais plataformas.

US$ 4,3 milhões – Em novembro, a Republic Realm, fundo de investimento em imóveis digitais, comprou um terreno do The Sandbox por US$ 4,3 milhões. Foi a maior venda registrada até agora. O espaço pertencia à Atari SA. As informações sobre a negociação foram divulgadas pelo jornal The Wall Street Journal.

US$ 2,5 milhões – Também em novembro, um terreno em Axie Infinity foi vendido por 550 ETH, o equivalente a US$ 2,5 milhões. Foi a maior venda registrada no game, disse no Twitter a empresa por trás do projeto.

US$ 2,4 milhões – No mesmo mês, a Metaverse Group, afiliada da Tokens.com, comprou um espaço na Decentraland por 618 mil MANA, o equivalente na época a US$ 2,4 milhões. Com a disparada de preço da criptomoeda, a propriedade digital passou a valer US$ 3,5 milhões no final de dezembro. A área online comprada tem um espaço equivalente a 566 metros quadrados.

US$ 913 mil – Em junho, um terreno da Decentraland foi vendido por 1,3 milhão de MANA, o equivalente a US$ 913 mil. A compradora foi a Republic Realm. O espaço virtual tem pouco mais de 66 mil metros quadrados.

US$ 450 mil – Em dezembro, um investidor identificado como “P-Ape” pagou 71 mil unidades de SAND (US$ 450 mil na época) para ser vizinho do rapper Snoop Dog no metaverso do The Sandbox. O artista norte-americano entrou de cabeça nesse mercado, e sua vizinhança na plataforma é conhecida como “Snoopverse”.

Há vantagens de se investir em terrenos do metaverso, e a principal delas é justamente a valorização. Outra vantagem é a escassez. A quantidade de lotes da Decentraland e do The Sandbox, por exemplo, é fixa. Ao comprar um, portanto, o investidor está colocando dinheiro em um pedaço de terra virtual único, que ninguém mais tem.

O principal risco de investir em terrenos do metaverso é a plataforma onde o terreno virtual está localizado não vingar. Se isso acontecer, os preços tendem a cair.

Outro risco envolve a liquidez. Se você compra um token não fungível, e depois de um tempo resolve vendê-lo, não é de uma outra para outra que se consegue achar um comprador. É diferente do que ocorre com criptomoedas como o BTC e o ETH, por exemplo, que têm alta liquidez.

Os fatores que valorizam economicamente um imóvel ou uma propriedade física são os mesmos que valorizam um ativo digital:

  • localização: terrenos em Metaversos muito populares (que contam com muitos usuários) são mais caros, pois as possibilidades de empreendimento, bem como de retorno, são muito maiores diante um maior público potencial;
  • tamanho: naturalmente, quanto maior o espaço adquirido, maior será o valor a ser desembolsado pelo cliente;
  • escassez: tendo em vista, nesse caso, as limitações do cenário oferecido pelo jogo e até os custos envolvidos com sua disponibilização e manutenção;
  • demanda: considerando o princípio básico de oferta e demanda, quanto maior a procura, maior a valorização da propriedade;
  • benefícios: como proximidade com terrenos de grande relevância (como casas virtuais de artistas ou de empresas famosas) ou recursos especiais do jogo restritos a determinadas regiões.

Como dito, os Metaversos na atualidade são jogos online. Essa é uma ideia muito mais fácil de ser digerida para quem já está habituado com games, especialmente, os do tipo play-to-earn (jogue para ganhar, em português), que permitem lucrar em criptomoedas.

Certamente, esse mercado ainda tem muito a amadurecer e é fundamental ter atenção a fraudes. Ainda assim, o sucesso dos projetos e a entrada de grandes empresas demonstram que esse novo universo futurista tem potencial. Leandro AbreuRockcontent

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